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segunda-feira, março 12, 2007

Os Góticos



O termo gótico na subcultura

O termo gótico (do inglês: goth ou gothic) foi usado através dos séculos sob vários significados, às vezes sem ligação alguma. Em algum momento histórico ele pode ter designado certo povo bárbaro que veio a invadir o império romano, mas não devemos nos apegar a isso para não confundir o leitor, pois com o passar do tempo termo ganhou o significados diferentes. A palavra agrega sentidos que lembram: vitoriano, medieval, onírico, sombrio, assustador, fastamagórico, macabro, amedrontador, etc. O uso do termo para designar a subcultura desvinculada da cultura original veio de uma ironia. Na passagem de 70 para 80 o estilo comportamental, visual e musical do qual tratamos estava se desenvolvendo na Inglaterra, e por brincadeira era chamado assim, gótico. Na metade da década de 80 o estilo já havia se disseminado por vários outros países (incluindo o Brasil) e o termo acabou por ir junto com ele e até hoje é usado para denominar a subcultura.

Enganos frequentes sobre o tema
Desde a década de 90 a subcultura começou a sofrer de algumas distorções por parte de enganos freqüentes como o de que o termo gótico sempre esteve ligado através da história e, portanto os góticos de hoje seriam legítimos descendentes dos visigóticos, godos, ostrogodos, etc. Que esses mesmo teriam iniciado o estilo arquitetônico de construções sacras e também a literatura, quando na verdade as catedrais góticas só começaram a ser construídas no século XI e nem sequer se recebiam esse nome na época em que foram instauradas como arte sacra, pois expressavam a ideologia e estética da igreja católica na época. Os renascentistas e iluministas, que se opunham à ideologia católica da época medieval as chamaram pejorativamente “Góticas” muito depois, justamente como critica. Na época de sua construção eram chamadas "opus francigenarum"(arte francesa). Quanto aos bárbaros "Godos" que invadiram o império romano foi um acontecido dado por volta do século V, logo se vê então que são mais de cinco séculos de diferença histórica cultural, o que já havia feito uma diluição da cultura dos godos na Europa. Do marco da construção das catedrais góticas (Do século XI até XIV) até a época em que surgiu um movimento literário chamado gótico e outro chamado romantismo (Século XVIII para XIX) já haviam se passados mais outros tanto séculos de diferença cultural e, portanto, a imagem de Gótico foi estabelecida como sombrio, fantasmagórico, misterioso, para criticar aqueles que tinham criticado o fim da Idade Média. O que era um nome pejorativo passou a ser um nome designador de uma estética “legal”. Terminamos assim de falar do sentido da palavra através do tempo sem ligá-la totalmente à subcultura e mostrar que até esse ponto os góticos do movimento iniciado na década de 80 não são descendentes dos Góticos dos séculos passados de forma alguma, pois nem sequer eles mesmos tiveram alguma ligação através de suas época. A ligação dos góticos contemporâneos com os antigos movimentos artísticos assim entitulados está nas músicas e na estética de forma indireta. Pra começar a subcultura gótica não possui literatura própria, mas existem vários estilos literários apreciados por seus integrantes, entre eles, no Romance Gótico (Walpole, Mary Shelley, etc), Romantismo (William Blake, Lord Byron, Edgar Allan Poe, etc) a poesia Simbolista/Decadentista (Baudelaire, T.S.Elliot, Rimbaud, Oscar Wilde, etc) o romance Existencialista (Camus, Sartre, etc), Literatura Beat (Gisnberg, William Burroughs), etc. Dessa forma esse movimento fez releituras ou sátiras da Literatura Gótica. Essa Literatura também serviu de tema para movimentos artísticos anteriores, que influenciaram o movimento estético dos anos 1980, como por exemplo o Expressionismo. Outro engano freqüente é a ligação do estilo musical do gótico com outro com o qual nunca teve nenhum contato. Mas para isso é preciso primeiramente conhecer o verdadeiro conceito musical e as verdadeiras raízes da cena gótica ou darkwave como seus membros gostam de chamá-la.
O cerne do movimento dark se encontra no pós-Punk inglês do final dos anos 1970, como uma nova subcultura juvenil que se articula dentro do rock numa inversão de valores ancorada no “do it yourself”. Como ressalta a socióloga Helena Wendel Abramo em seu livro Cenas Juvenis - Punks e Darks no Espetáculo Urbano: “O nome dark foi posteriormente assumido por uma tribo mais jovem, já na segunda metade dos anos 1980, que se vestia quase exclusivamente de negro, e que se considerava ‘filiada’ ao som e ao estilo do rock paulista. Dessa forma, o título passou a identificar, retrospectivamente, o grupo original, e servindo para designar, de certo modo, tanto a sua produção musical quanto algumas das bandas inglesas que eram referência para o grupo tais como The Cure, Joy Division, Siouxsie and the Banshees e The Sisters of Mercy”.

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