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domingo, julho 29, 2007

TRIBUTO A RAUL SEIXAS







O COMEÇO DE TUDO...

Raul nasceu em 28 de Junho de 1945, em uma família conservadora da classe média baiana, mas desde cedo mostrou que veio para romper com as tradições.Seu pai gostava de ler para ele livros sobre metafísica, e aos 7 anos, Raul já se questionava sobre reencarnação e o juízo final. Em toda sua infância, ele esteve dividido entre a biblioteca do pai e o violão dado pela mãe, e por muito tempo oscilou entre ser cantor e escritor.O fato de morar ao lado do Consulado Norte Americano, foi decisivo para que Raul conhecesse o som de Elvis Presley e se apaixonasse pelo Rock.
A partir daí, Raul não parou. Em 1958 fundou com o irmão Plininho, o Rock Boy Club, para no ano seguinte junto com o amigo Waldir Serrão fundar o Elvis Rock Club, onde se reunia com os amigos para curtir um som. Destas reuniões surgiu "Os Relampâgos do Rock", seu primeiro grupo, no qual tocava junto com os irmãos Delcio e Thildo Gama. A banda fez diversas apresentações em clubes de Salvador, onde Raul escandalizava as senhoras conservadoras copiando o estilo de Little Richard, que gostava de se atirar no chão enquanto cantava.
Assim, aos 18 anos, o rock era para Raul seu próprio estilo de vida, o símbolo máximo da sua juventude e rebeldia.

SUA CARREIRA...



Para Raul Seixas, o rock era algo maior que um simples estilo musical; era todo um modo de ser, agir e pensar.
Raulzito e Os Panteras, o primeiro grupo de rock da Bahia, formado no ano de 63, era composto por: Raul, Mariano, Carlos Eládio e Carleba. A banda não era muito aceita pela sociedade, devido à inovação de comportamento que o rock envolvia.
A música da moda na época era a Bossa Nova - que Raul odiava - e a Jovem Guarda. Os fãs de Raul, como ele costumava dizer, eram os caminhoneiros e as empregadas domésticas.
Mesmo assim, Raulzito e Os Panteras conseguiram chamar a atenção: era o único grupo de rock da Bahia a tocar todo o repertório dos Beatles. Viajaram para o Rio de Janeiro e gravaram um disco, que não teve praticamente nenhuma repercussão.
Esse foi um péssimo período para Raul, que por não ter condições financeiras nem psicológicas para se sustentar no Rio, retornou, desilududido, para a Bahia.
Esse tempo na Bahia foi um período de intensa dedicação à literatura e à filosofia. Raul chega a dizer que ficou meio louco nessa época.
Foi quando ele conheceu o diretor da CBS que o convidou para trabalhar como produtor no Rio. Raul aceitou na hora.
Nesse período Raul já havia descoberto que poderia usar a música para dizer o que pensava e acreditava; que poderia passar para as pessoas, de uma forma simples e acessível, tudo o que tinha aprendido com a filosofia e com ele mesmo.
Inscreveu duas de suas músicas no Festival Internacional da Canção: Let me Sing e Eu sou Eu, Nicuri é o Diabo. Ambas foram classificadas e foi nesse momento que Raul tomou a decisão de seguir a carreira artística de fato.
Seu segundo trabalho foi um disco gravado na CBS, sem autorização, em 1971, enquanto o diretor viajava. O disco se chamava Sociedade da Grã-Ordem Kavernista (S.G.O.K) e desapareceu de todas as lojas assim que o diretor retornou ao Rio. Os membros da S.G.O.K eram Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada.
Daí em diante foram muitos os discos lançados e com eles, os maiores sucessos da carreira de Raul.
Alguns o amavam, outros o odiavam. Achavam Raul estranho e louco demais para esse mundo.
Mas Raul não desistiu. Nos altos e baixos de sua carreira artística, diante do reconhecimento ou não, ele foi até o fim difundindo o que acreditava; mesmo nos momentos em que se sentia mais sozinho.
Existiram trabalhos sem um caráter filosófico, nos momentos em que Raul se sentia cansado. Uah-Bap-Lu-Bap-La-Béin-Bum ! (de 87) é fruto de um desses momentos. É um disco em que Raul faz um bom Rock'n Roll, sem maiores preocupações com a mensagem que é passada. Para Raul, o Rock'n Roll havia morrido em 59, e esse disco foi uma tentativa de resgatar o bom e velho rock em suas origens.
Contudo, a maior parte do trabalho de Raul, o músico-filósofo, possui uma preocupação com o conteúdo da mensagem. Seu trabalho é norteado pela idéia da Sociedade Alternativa, do individualismo no bom sentido, onde cada pessoa é única. Trata do poder da vontade, no respeito à própria pessoa, no "faz o que tu queres, pois é tudo da lei".


O QUE VEIO DEPOIS?


No dia 21 de Agosto de 1989, o Brasil ficou menos Maluco Beleza. Raul Seixas foi encontrado morto no seu apartamento em São Paulo. O seu corpo foi sepultado em Salvador diante dos olhares de milhares de fãs.
A morte, no entanto, não foi o fim da sua mensagem, ironicamente alguns segmentos do público perceberam a sua importância apenas neste momento.
Em 1990, Sylvio Passos lançou o livro "Raul Seixas por ele mesmo" e deu o pontapé inicial no projeto Museu e Fundação Raul Seixas.
No ano seguinte os trabalhos de Raul foram relançados em CD, junto com o lançamento do álbum "Eu, Raul Seixas".
O maior projeto envolvendo sua obra foi idealizado por Kika Seixas e lançado em 1992. O Baú do Raul, começou com shows e o lançamento de um livro e um disco com raridades. O show realizado na Concha Acústica, conseguiu reunir Marcelo Nova, Os Panteras, Dr.No e Metamorphose Ambulante.
Em 1993 foi publicado "O RaulSeixismo", livro do poeta Costa Senna, seguido pelo lançamento do curta "Tanta Estrela por Aí", no qual Rita Lee interpreta Raul, o que marcou o lançamento de "O Baú do Raul II". Ainda em 1993, Raul foi tema da tese de mestrado de Luciane Alves, o que resultou no livro "Raul Seixas e O Sonho da Sociedade Alternativa".
Em 1994, Zé Ramalho, seu sucessor nas paradas de São Tomé das Letras (MG), foi uma das atrações do show "O Baú do Raul III", que contou ainda com Lee Marcucci e Arnaldo Brandão (Hanoi Hanoi). O ano foi marcado ainda pelo lançamento do disco "Se o Rádio não Toca", que traz material inédito de vários shows de Raul; e pelo sucesso de vendas da coletânea "Maluco Beleza", que recebeu Disco de Platina.
1995 foi marcado por homenagens populares, que incluíram um tributo na VIII Feira de Artes da Vila Pompéia, a comemoração dos seus 50 anos pela Câmara Municipal de Fortaleza e uma passeata onde cerca de 3000 fãs caminharam cantando as músicas de Raul. Foi também neste ano que a MTV Brasil se rendeu ao talento de Raul, apresentando o especial Rockestória e premiando sua obra com o MTV Music Video Awards.
Em 1998, Kika Seixas lançou o disco e o vídeo "Raul Documento", com músicas cantadas por ele em inglês e alguns arranjos inéditos.
Mesmo decorridos dez anos desde a sua morte, Raul ainda está presente na mente daqueles que acreditavam nos seus ideais. Em Salvador, os fãs continuam visitando seu túmulo nos aniversários de nascimento e morte, originando encontros e confraternizações entre os Raulseixistas que juntos cantam emocionados.