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domingo, julho 29, 2007


SUA CARREIRA...



Para Raul Seixas, o rock era algo maior que um simples estilo musical; era todo um modo de ser, agir e pensar.
Raulzito e Os Panteras, o primeiro grupo de rock da Bahia, formado no ano de 63, era composto por: Raul, Mariano, Carlos Eládio e Carleba. A banda não era muito aceita pela sociedade, devido à inovação de comportamento que o rock envolvia.
A música da moda na época era a Bossa Nova - que Raul odiava - e a Jovem Guarda. Os fãs de Raul, como ele costumava dizer, eram os caminhoneiros e as empregadas domésticas.
Mesmo assim, Raulzito e Os Panteras conseguiram chamar a atenção: era o único grupo de rock da Bahia a tocar todo o repertório dos Beatles. Viajaram para o Rio de Janeiro e gravaram um disco, que não teve praticamente nenhuma repercussão.
Esse foi um péssimo período para Raul, que por não ter condições financeiras nem psicológicas para se sustentar no Rio, retornou, desilududido, para a Bahia.
Esse tempo na Bahia foi um período de intensa dedicação à literatura e à filosofia. Raul chega a dizer que ficou meio louco nessa época.
Foi quando ele conheceu o diretor da CBS que o convidou para trabalhar como produtor no Rio. Raul aceitou na hora.
Nesse período Raul já havia descoberto que poderia usar a música para dizer o que pensava e acreditava; que poderia passar para as pessoas, de uma forma simples e acessível, tudo o que tinha aprendido com a filosofia e com ele mesmo.
Inscreveu duas de suas músicas no Festival Internacional da Canção: Let me Sing e Eu sou Eu, Nicuri é o Diabo. Ambas foram classificadas e foi nesse momento que Raul tomou a decisão de seguir a carreira artística de fato.
Seu segundo trabalho foi um disco gravado na CBS, sem autorização, em 1971, enquanto o diretor viajava. O disco se chamava Sociedade da Grã-Ordem Kavernista (S.G.O.K) e desapareceu de todas as lojas assim que o diretor retornou ao Rio. Os membros da S.G.O.K eram Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada.
Daí em diante foram muitos os discos lançados e com eles, os maiores sucessos da carreira de Raul.
Alguns o amavam, outros o odiavam. Achavam Raul estranho e louco demais para esse mundo.
Mas Raul não desistiu. Nos altos e baixos de sua carreira artística, diante do reconhecimento ou não, ele foi até o fim difundindo o que acreditava; mesmo nos momentos em que se sentia mais sozinho.
Existiram trabalhos sem um caráter filosófico, nos momentos em que Raul se sentia cansado. Uah-Bap-Lu-Bap-La-Béin-Bum ! (de 87) é fruto de um desses momentos. É um disco em que Raul faz um bom Rock'n Roll, sem maiores preocupações com a mensagem que é passada. Para Raul, o Rock'n Roll havia morrido em 59, e esse disco foi uma tentativa de resgatar o bom e velho rock em suas origens.
Contudo, a maior parte do trabalho de Raul, o músico-filósofo, possui uma preocupação com o conteúdo da mensagem. Seu trabalho é norteado pela idéia da Sociedade Alternativa, do individualismo no bom sentido, onde cada pessoa é única. Trata do poder da vontade, no respeito à própria pessoa, no "faz o que tu queres, pois é tudo da lei".

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