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terça-feira, maio 19, 2009

Os principais elementos do Conto Gótico


Os teóricos da literatura empregaram muito tempo em delimitações temporárias e subcategorizações da novela gótica. Como o representado por Walpole e Sophia Lee, diferenciado pela falta de explicação aos fenômenos sobrenaturais. O Gótico Ilusório de Ann Radcliffe; onde tudo encontra uma explicação racional. O Gótico Satânico, representado por Mathew Gregory Lewis; onde o explicável e o inexplicável se misturam e os fatos se apresentam de forma rude, sem uma prévia aclimação ao terror. Este segmento também foi continuado por Maturin. Há ainda o Realismo Negro, Gótico Filosófico ou Didático Gótico, marginal ou como uma paródia. Assim, limitando-se com freqüência ao século XVIII e princípios do XIX, com o qual unicamente Walpole, Radcliffe, Maturin e Lewis destacam na lista. Para outros, a acepção é muito mais ampla e inclui à prática totalidade dos grandes autores da literatura ocidental.
Da cripta da mente humana saíram as obras mais gloriosas: Hamlet, Fausto, A divina comédia e uma infinidade mais. Obras muito diferentes entre si, mas com o elemento comum de ser uma reação oculta (ou não), inconsciente (ou não) do autor contra seu meio. Devido às características de estilo de um tipo de obra que exige concentrar ao máximo a essência emocional e vivencial do autor (ainda que transmutada até o irreconhecível), junto com o fato de que os elementos simbólicos que aparecem nela são comuns ao subconsciente de todos nós, a novela gótica se caracteriza por sua capacidade para captar o atendimento e induzir a mais profunda concentração ao leitor, por penetrar em seu cérebro e mostrar-lhe seus próprios fantasmas e desejos.
Chris Baldick, em sua introdução The Oxford Book of Gothic Tales, assinala magistralmente: "Em sua estrutura podemos reconhecer os porões e criptas do desejo reprimido, os devaneios e campanários da neurose, o mesmo ao aceitarmos o convite de
Poe para ler o Palácio Assombrado, tanto do poema como da alegoria da mente de um louco".
Os elementos sobrenaturais e de fantasia são tão inerentes ao gênero humano que suas primeiras obras literárias (por não falar de suas crenças) são estritamente fantásticas. Realmente se pode apreciar que entre A Odisséia e O Senhor dos Anéis decorreram mais de dois mil anos? A forma narrativa da fantasia mudou um pouco, só um pouco. Também se diversificou e num mesmo tempo aparecem diferentes correntes, mas as motivações e os elementos utilizados (à grosso modo), são idênticos. Para o leitor, a principal motivação é ausentar-se de seu aborrecedor mundo. Mas para isso, alguns elementos são necessários:

Ambientes Desconhecidos
Lugares e épocas passadas ou inexistentes que não possam recordar-nos nosso presente (ambientação na Idade Média durante o século XVIII. No final do século XX em planetas desconhecidos, naves espaciais, épocas futuras, mas também em épocas passadas). Quanto mais viagens, sejam geográficas ou cronológicas, melhor será.

Personagens Fascinantes
Personagens sempre inteligentes, enigmáticos e misteriosos, conscientes de sua culpa e atraentes.

Romantismo
Este ponto precisa de exemplos?

Perigo
Presença obrigatória. O perigo sempre está presente através do terror.

Garotas em apuros
Tradicionalmente, para ser salva pelo herói. Possui um papel secundário. Inclusive na pura literatura gótica, que ocorre em pleno processo de emancipação feminina, e cujas mais importantes autoras são mulheres.

Assim podemos perceber que a literatura gótica não é um gênero que nasceu subitamente e morreu numa época determinada, senão um mesmo gênero, o do sobrenatural (A odisséia não era fantasia. Para os povos da época, os deuses eram reais, não personagens de ficção), que no século XVIII põe em moda uns elementos de ambientação muito concretos, os quais simplesmente substituem a outros, e que, no futuro (hoje) serão por sua vez substituídos pelas novas visões que impõe a evolução de nossa história, mas que, basicamente, a cripta do monge e a cabine da nave cumprem exatamente o mesmo cometido, bem como Frankenstein. O medo, os medos clássicos, primitivos, não são um invento gótico, como alguns sustentam. Os personagens podem nascer e viver numa nave espacial, não há problema. Mas se queremos desintoxicarmos da visão futurista, podemos fazê-los conviver com os cruzados, com os antigos egípcios e inclusive com o neanderthal. Hoje em dia há dúzias de contos com esses temas, conseqüência da popularização dos estudos univer-sitários e a acessibilidade a todo tipo de documentação. Esses temas, baseiam-se nas mesmas causas não premeditadas que fez a Idade Média tornar-se moda no século XVIII (as descobertas das ruínas de Herculano e Pompéia e das ruínas medievais deram lugar a obsessivos estudos sobre o passado que marcaram a arte e o pensamento de toda uma época). A ciência, a técnica e o apogeu do conhecimento sobre o passado da humanidade, estão marcando a nossa, que, literariamente (e cinematograficamente) traduz-se simultânea e paradoxalmente no auge (não no nascimento, que se produziu há muito) da ciência ficção e da novela histórica.
Ao referir-me a uma novela como gótica me refiro àquela, qualquer que seja a época em que tenha sido escrita, que propõe uma viagem ao interior da mente humana utilizando e ao mesmo tempo despindo seus medos primitivos. Portanto, vemos que a denominada novela gótica clássica do século XVIII, não faz senão introduzir umas pequenas variações no mais velho tema da humanidade: o sobrenatural; que nasce no século XVIII (ou se pode conceber uma cena mais gótica do que Caronte sumido nas trevas da lagoa Estigia, com o rumor dos mortos ao fundo, e transportando em sua barca, as almas dos novos defuntos?) não morre. Simplesmente, como a energia ou os dinossauros, transforma-se.

Extraído de
www.angelesgoyanes.com
Traduzido e adaptado por Spectrum

sábado, maio 09, 2009

A Escuridão...


A escuridão possui-me...

As trevas do pensamento humano
A escuridão dos seus corações
os subúrbios dos seus desejos...
a mais amarga tristeza
de uma lágrima derramada
sobre uma espada cravada
em corações inocentes...

Esta dor que dói
sem nos apercebermos...
que corrói nossas entranhas....
que magoa...

a mais pura sensação de fraqueza...

Presos nos escombros
Prestes a cair no abismo fatal...
A solidão... magoa...

Mata-nos aos poucoscom os seus espinhos...
sangue derramado
incolor a nossos olhos...

pobre criatura presa nas trevas.

seu sofrer
já não mais sentido...
seus gritos mudos...
suas lágrimas secas...
seu olhar vaço...

apenas dor...
apenas alma...
apenas solidão

em seu coração!